Sonho em processo.

A água do rio era turva e gelada. O sol atravessava a água e denunciava que existia mais para ver, ela já apalpava o fundo com os pés, só não tinha coragem de olhar. Uma criança pequena na margem chorava e resmungava que a moça tinha ganhado aqueles óculos para ver o fundo do rio, e ela não.
Ela arriscava alguns mergulhos, mas tinha uma dificuldade enorme de abrir os olhos. Quando piscava, via algas, via musgo, via gravetos, via peixes e sombras. Tinha medo do que poderia ver. Muito medo.

O tempo passou, ela saiu da água, a perna doía, se arrastou até a margem. Tinha cravadas no joelho, três unhas, de dentro para fora, feias, grossas, saiam sem dificuldade quando puxadas, deixando a pele aberta em pus.

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