Só se houvia seu coração, entre uma batida e outra ele desmaiava. ai que saudade dessa voz, mesmo que seja uma saudade oca, vazia de solução. Sua alma passeava por um beco escuro, numa rua boêmia qualquer, com um copo de vinho na mão, procurando quem lhe cedesse um cigarro. Dançando sozinha e rindo da própria situação inusitada, o que diriam as mocinhas amigas, os rapazes íntegros conhecidos, as irmãs da mãe? O que diriam sobre seu estado de embriaguez da alma, certamente ela faria uma cara de culpada e caminharia até a praia mais próxima, se jogaria na areia e dormiria coberta de luz da lua. Enquanto sua alma vagava jocosa, pelas ruas escuras, ela seguia atenta ao desleixo dos motoristas, formal, trajes respeitáveis, óculos sério, olhando pela janela do carro, jamais desconfiariam das desventuras daquela alma recém nascida. A vida as vezes batia-lhe a porta na cara, tão grosseira, que os olhos mareava e a pergunta surgia: "tem necessidade disso, vida?, relaxa, vamos dançar...