Amoras.

O som da sua respiração a tirou dos pensamentos distantes e a trouxe de volta a sala fria. Ainda a pouco ela estava caminhando ao sol e este lhe abraçava aquecendo seu coração cansando. O caminho íngreme, a respiração pesada e o calor funcionavam com um abraço apertado onde ela sufocava, mas não queria ter que deixar. O relógio acusava o atraso para voltar a sua sala fria. Acordara com uma felicidade tímida e frágil, que aumentou assim que ele viu o horizonte do mar. Como queria passar a manhã no calor tropical de seu mundo apenas olhando o mar. O bom dia ao cobrador foi baixo, o agradecimento ao motorista soou quase seco. Ela se irritava com os olhares, o passageiro ao seu lado, a fitava discretamente enquanto mexia no celular, toda presença de gente estava irritando-a hoje. Ela queria um abraço muito específico, um beijo acompanhado de um bom dia, riu deste pensamento, do sonho que revelou uma intimidade que ainda não fora construída e não sabia se seria. A vida nos reserva muitas surpresas.


Ouviu novamente sua respiração cansada, queria tanto se encolher num canto só ela e Tehmina a vovó indiana do livro que estava lendo, ficar as duas com saudades de vovô Rustom, enquanto Tehmina lhe ensinava algo sobre a doçura da vida.

Se fechasse os olhos mesmo que por um segundo, ia tão longe, que estava com medo de piscar e não voltar.

Queria ficar abraçadinha ao endredon no escuro, cantando pro sono, até voltar a sonhar.

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