O que é que há, velhinho?

Às vezes sem perceber somos muitos cheios de si. Hoje dentro de um carro, na poderosa posição de motorista experimentei uma visão diferente de mim mesma. O céu estava nublado e o clima frio. Minha cama quentinha me impediu de acordar no horário. O chuveiro não perdoou meus pobres nervos, jorrando sadicamente gotas geladas apesar dos meus protestos. O mau humor estava decidido a se instalar e aproveitou o momento em que a roupa apertada não entrava nas coxas. “Estou gorda, que merda!”

Na cozinha, uma tangerina e algumas bananas, o café da manhã. Mesmo desejando um pão com queijo, manteiga e presunto, comer me animou um pouco. Enfim, lá estava eu, mastigando uma banana quando na esquina da rua um idoso, dobrado pelo tempo, esperava para atravessar a rua.

Pé no freio. Olhada rápida para o relógio estava atrasada. Descascava outra pequena banana, enquanto ele atravessa vagarosamente. Foi após esse momento que me ocorreu um pensamento revelador, pensei comigo “Obrigada Senhor por me dar oportunidade de ser a pessoa a esperar esse velhinho passar, claro que eu não sou a única pessoa educada e paciente do bairro, poderia ter sido qualquer outra, mas eu tive a chance, obrigada por me colocar ali naquele momento.” Senti que não era o velhinho que dependia da bondade de um motorista, mas sim eu que através dele pude provar um momento de graça. Agora tudo continua cinza e estou mais feliz.

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