Ninfa da água.
Acabo de assistir Nyad, um filme sobre uma mulher de 64 anos que realiza um sonho.
34 anos depois.
6 tentativas depois.
um abuso sexual na adolescencia de quem ela admirava, seu treinador, depois.
Terminei o filme com o rosto encharcado.
hoje foram tantas, tantas lembranças do passado, que tomei notas de algumas.
umas mais antigas que outras.
Eis que me lembrei do ceu escuro na manhã de 20 de fevereiro de 2023, quando embarquei no taxi em direção ao aeroporto de Funchal.
"vai ficar tudo bem" o Kenny, falou no meu ouvido, ao se despedir. E eu entrei no taxi chorando.
vi o dia nascer, de dentro do taxi.
me despedi da Ilha no escuro, estava frio.
O voo atrasou bastante e tive medo de perder a conexão em Lisboa, a fila da imigração estava completamente VAZIA, como se o caminho de volta ao Brasil estivesse livre.
Eu não sentia o coração dentro do peito.
fui assistindo um filme que não me lembro qual foi, quando cheguei ao Brasil, esperando Dino e Luana, eu abraçada nas malas, chorava sem ar, tentando não fazer barulho, o coração parecia não bater, mas o corpo todo doía.
menos de 24 horas depois, eu estava fantasiada de Cosmos em pleno carnaval de Salvador, chapada, bêbada, anestesiada. Outro dia disse para meus amigos, que me receberam que ele foram meu oxigenio durante um bom tempo.
eu tinha experimentado um medo primordial, meu pior demônio, encarnado na experiencia do fim de uma relação, construida pela paixão e as sombras de cada um.
Eu desci no meu próprio inferno, para compreender quem eu queria ser dali para frente, eu barganhei meus sonhos, troquei uma coisa que eu estava preste a fazer, pela sensação de LAR que projetei em outro ser humano. De um lado, sem lar, do outro sem o sonho que entreguei ao desvia a rota.
escrever sobre isso, sem sentir dor é uma sensação incrível, eu ainda lembro o QUANTO me perdi, mas não sinto da mesma forma.
Pelo o rapaz, e escrevo assim na tentativa de dizer para mim mesma que já consigo essa distancia emocional, eu vejo uma foto dele, num feed alheio e é estranho, sei quem ele é, mas não o sinto.
me olho no espelho, e lembro do dia 24 de dezembro, quando me encarei no espelho da pousada, quando me olhei nos olhos e parecia que fazia meses que não me via.
quando tentamos nos encaixar no ideal de alguem, sumimos aos poucos.
Eu calcei os sapatinhos vermelhos e não consegui mais parar de dançar, sucumbi na minha arrogância de achar que eu daria conta sozinha de mim mesma.
Ele me disse: vc precisa ser mais humilde. Sim, precisava. Não da forma que ele imaginava, sendo submissa, rsrs. Eu precisava de humildade da minha arrogancia sobre mim mesmo.
Soltei uma fera, ela bradou, arrancou a cabeça de algumas relações, me senti bem, me senti mal.
Agora escrevo para organizar a volta para casa.
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