ter medo e não parar por nada.
Cansaço de resistência, resistência vem com a mudança que resulta num desconhecido.
observando o que está acontecendo.
eu comecei a escrever esse texto em fevereiro, quando estava decidindo mudar de país.
Hoje em Maio, eu mudei. E agora penso como seria minha vida se a vida me convidasse a mudar de novo?
Algo em mim ainda sente dificuldade de arriar as malas, de sentir-se completamente em casa, isso quando penso nas paredes, no chão, no teto, nas janelas, na arrumação do banheiro.
Acabo de me dar conta, que quero chegar em casa, antes mesmo de construir uma relação com ela.
Como alguém que busca "um príncipe encantado" prontinho para ser "feliz para sempre", estou buscando a casa do feliz para sempre, como se ela já estivesse prontinha, me esperando.
Toda relação é uma construção, o que me faz temer construir uma relação com "minha casa, meu lar"?
" e se eu não ficar"
me lembro de um apartamento que morei com meus pais e eles reformaram todinho depois de um tempo morando nele, eu fiquei tão feliz, estava tudo tão lindo! pintado, novinho, era uma delicia estar naquele ambiente, então ele me disseram, "vamos nos mudar", eu fiquei internamente indignada, agora que estava tão gostoso morar ali, íamos EMBORA?
agora em Junho voltei para terminar, acho que algo mudou em mim, pois esse foi o texto que mais demorei de escrever, é que fui-me embora dele várias vezes.
E volto, quando o silêncio me chama, eu volto ao texto, é o meu jeito de me manter perto das palavras, mesmo dentro do silêncio.
Eu ainda não sei como me sinto. um hiato, greta, lacuna ocupam meu sentir e dentro desta fenda o infinito luta contra contra os erros de digitação e a gramática, minha avó chamaria de preguiça de estudar mais a fundo, eu acho de rebeldia - o meu sentir avança mais rápido do que eu digito e este cantinho desde de 2008 é meu espaço de liberdade.
Dentro da minha liberdade, agora tem um sentar para decifrar o que se passa nas profundezas, como um monstro letal e silencioso, rastejando no fundo de um pequeno lago.
Talvez eu nem tenha dado uma chance, mas agora não sinto vontade de desvendar as ruas que vejo, é tudo "europa" penso. Me parece tudo tão igual, o que facilmente alguém diria sobre as praias nordestinas, mas o igual daqui não me interessa. (ou pelo menos não tem interessado) Meu mundo inteiro, tem sido em casa, aqui não tem beija flor na varanda, nem o vento balançando com força as árvores na varanda de casa. Eu não contei para ninguém, mas sinto falta de casa e quando digo casa, eu nem sei se é capão, se é mar. Sinto falta da bagunça de uma mata não podada. Aqui a grama cuidadosamente cortada te leva a areia fina e o mar gelado não te convida.
Eu não sei, realmente se ele não convidou ou se não dei espaço. Num livro sobre minha vida terá escrito, "no período que morou na cidade do Porto, refugiou-se nas tintas e nos livros, a saudades que sentia das conversas entre os coqueiros e as palmeiras"
Eu já não sei como achar o caminho de volta para fora, e percebo agora que demorei um mês para perceber isso.
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