Um conto verde.


O terreno estava pronto, a semente já estava sob a terra e por algum motivo misterioso não consegui germinar.  Próximo de onde ela estava se revirando a decisão de brotar, era possível sentir a vibração de raízes profundas, antigas e fortes.

Quem observa de cima, não desconfiava que ali embaixo tinha uma sementinha com crise de identidade. Tudo que era possível enxergar era uma árvore frondosa, uma força da natureza por existência. O tronco era de uma madeira nobre, seu cascalho apresentava algumas marcas e era forte, muito mais forte do que aparentava ser.
Sua copa agora no outono revelava tons doces de marrom, amarelo e vermelho, inspirando uma sensação de calor, diante do vento frio que chegava.  Embaixo dela, era possível sentir se seguro, um lugar para fechar os olhos por alguns minutos e refletir sobre os próximos passos.
Era linda, plena, se fundia com o cenário que lhe cerca e certamente se não estivesse ali, aquele campo seria apenas mais um, insosso e indiferente.

Bom, não muito distante dessa cena, encontra-se nossa sementinha confusa. Adubada, regada, cercada de tudo que é necessário para seguir os passos dessa arvore maravilhosa que mora ao lado.  O fato é que ela passou muito tempo pensando que era um casulo, talvez em sua época de fruto, pendendo no tronco, estava convencida que logo, se transformaria em uma linda borboleta. Depois do um tempo, acreditou que era passarinho, transportada pelos ares no bico de um. num dia de muita chuva, arrastada pela água barrenta, "BINGO! Sou um peixe" e assim o tempo foi passando e ela resistindo a ideia que talvez, fosse semente e mais ainda, talvez fosse semente porque era Árvore! Como a Árvore de onde veio. 
Ela rejeitava essa ideia, como toda semente da sua idade, queria ser diferente, já quis ser outra coisa, não sabia ao certo se reprovava a ideia de ser fixa, ou se tinha medo de perder sua identidade, ou se não ser vista, ou de não saber onde começa sua copa, onde termina a outra. Medo da fusão, da aniquilação, da rejeição, seria uma arvore tão maravilhosa quanto? 
Foram muitas desventuras, até se firmar neste terreno. E agora parecia que verdade de sua natureza pulsava..."serei árvore, então?" 

Ela foi brotando, em meio a seus questionamentos, respirava em direção ao sol, as folhas pequenas, tomavam forma, algumas flores anunciavam tímidas o por vir de sua beleza. O verde se fazendo tronco....Sou árvore. Era uma arvore diferente, mas definitivamente era uma Árvore.

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Ficar nua de ego, para realizar um sonho.

Buscar um mundo de vínculos saudáveis, para tornar o viver bem algo possível, palpável.

Sentir-se bem na insegurança. Acolher e vivenciar o presente, sabendo no tutano que a realidade é perene e inconstante.

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