Ser terapeuta.



Como deve ser a prática clínica em psicologia?


Neutro, não se deixar levar pelas emoções dos pacientes, manter a postura a compostura...


Ter a faculdade de perceber como uma pessoa pensa ou sente.

Ser terapeuta é saber manter a cara de paisagem?

É escolher uma linha teórica e fidelizar-se a ela?

É saber escutar o outro entendendo sua alegria, sua angústia, participando daquilo sem se envolver, guiando o outro até si mesmo? Mas como?

Como participar sem se envolver? Como conter a alegria ou o asco provocados por certos relatos? Como segurar o riso? ou as lágrimas?


[Nem sempre entendemos o que sentimos, na maioria das vezes intimamente descofiamos da fonte das nossas angustias mas não conseguimos lidar com elas. Então vamos a um estranho, o psicólogo, com a altivez do status de cliente , de ser pagante, mas o que buscamos? Alguém que nos obrigue sutilmente a enfrentarmos a nós mesmos. O set terapeutico se torna uma arena de galdiadores.]


Para que serve o psicólogo clínico afinal? Para trazer conforto? qualidade de vida? a que preço? Proporcionar o confronto de abandonar vícios tão queridos, hábitos prejudiciais tão incutidos em nossas entranhas no dia a dia. Será esse nosso papel?


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Será que ser terapeuta é provar o mais delicioso dos doces sem emitir um murmúrio de prazer...?

Seria degustar o a fruta mais azeda sem contrair-se em um careta?

Desenvolver a arte de gargalhar silenciosamente e chorar sem lágrimas.

Observar o outro sem mergulhar em outro ego, caminhar entre pensamentos desenrolando o fio da razão para não se perder de si mesmo.

Olhar para os lados, enquanto todos estão voltados para atração principal e perceber as peculiaridade do sujeito.

Olhar o fundo do rio, sem perder de vista seu próprio reflexo na superfície?

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