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Mostrando postagens de julho, 2020

Para as minhas mulheres:

mais de uma vez experimentei tão grande sofrimento ao olhar para mulheres que ajudei, na época e que enquanto eu caminhava para minha fogueira, guilhotina ou forca, nada fizeram. Elas apenas me olhavam. Em alguns momentos gritei e chorei, os homens deduziam que meus gritos eram de arrependimento ou desespero, mas eram puramente da dor, de saber que eu precisava nas entranhas de ao menos um abraço das minhas irmãs e ao mesmo tempo entendia que elas me estendessem a mão, teriam o mesmo fim que eu. em outros momentos, me mantive altiva, repetindo para mim mesma que era forte e que me bastava, ciente que se elas estendessem a mão, seriam decapitadas junto comigo, ressentida de me sentir tão sozinha, mesmo que tenha escolhido ajuda-las sabendo dos termos e dos riscos. Ajuda-las a sobreviver aos seus homens. A curar com a bruxaria as feridas do corpo e da alma. e por essa escolha, fui privada da maternidade tantas vezes que terminei por renuncia-la. Uma renuncia tão profunda que nest...

quinze e quarenta e oito da tarde de domingo.

Calíope tenta se manter aquecida, entre minhas pernas debaixo do edredom azul. Azul porque gosto de imaginar que estou me cobrindo de mar, edredom, mosquiteiro, lençóis todos em azul. Assisto um série onde muitas cenas são de orquestra tocando. uma, duas lagrimas escorrem, não apenas bela ousadia da música, mas a beleza da cena. Uma mulher de moletom, sozinha em casa, num dia chuvoso, com o coração aquecido, fazendo exatamente o que ela tem vontade de fazer neste momento. As vezes num intervalo de silêncio, olha em volta pensando se lhe falta algo. Não.. Talvez falte um copo de água. Você já experimentou a sensação de estar simplesmente feliz? Quando tiro o fone, ainda escuto uma conversa ao longe e os passarinhos. O dia está lá fora, Alana... a felicidade, aqui dentro.