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Mostrando postagens de setembro, 2014

Nem faz tanto tempo.

Confesso, fiquei esperando. Para ver seu rosto, para lembrar que tudo que sinto é real. Fiquei esperando e o sinal não veio, seu rosto não veio, sem ao menos uma pequena mensagem para me avisar que você não pode cumprir o combinado. Os dias correm com o trânsito, com o calor. Onde estamos não nos permite muito um pelo outro. Não precisaríamos abraçar o mundo, nem fazer juras irreais. O que eu precisava, o que eu oferecia era apenas um :"como foi o seu dia?" a sinceridade de querer saber, de querer compartilhar momentos. O que mais podemos oferecer um ao outro? Mesmo que você estivesse ao meu lado, a vida urbana demanda foco, tempo. Isso que tenho para oferecer, a sinceridade de querer o seu bem, compartilhar relatos e momentos de uma vida corrida e feliz. O detalhe é que eu quis tanto oferecer isso a você mais do que a qualquer outra pessoa.  Eu quis mais de você, ser mais para você.

Sobre enxergar.

A pele negra brilhava no sol de meio dia. De cabelos brancos e rosto marcado pela insanidade ele caminhava torto em minha frente. O cheiro era ruim, as roupas estavam sujas e surradas, sua casa e sua cama deveria ser o asfalto da cidade. Ele flertou com uma jovem, olhou para ela, em seu shortinho jeans, e assoviou. A outra mais na frente ele balbuciou algo como "minha linda". Recebeu em troca, um olhar de nojo, outro de desprezo. Os demais ignoravam-o completamente. "Ai meu deus! Ele não se enxerga não é?" Indagou alguém. Se enxerga sim, pensei eu. Se vê pelo menos como homem, e suas "necessidades masculinas", e talvez fosse melhor para nós enxerga-lo também. Suportaríamos as respostas ásperas às nossas investidas? Suportaríamos os olhares cegos a nossa existência? Se quando "ele" não liga no dia seguinte, já ficamos angustiadas, imagina um dia, sem ser vista, como gente. Como ficaria nossos corações? Abra os olhos, por que o outro é u...